Daqui a poucos dias estaremos votando nos candidates que mais nos representam nas Eleições municipais. No fim da corrida eleitoral, mesmo aqueles que dizem não gostar de política dedicam um tempo a ouvir as propostas para decidir qual número teclar na urna.
Mas pensar política requer ir além do voto obrigatório – pelo menos, se a encaramos como uma dimensão fundamental de nossas vidas e reconhecemos seu potencial transformador. Foi pensando nisso que discutimos no último episódio do E Agora, Josefina? como construir a política que queremos de forma coletiva. Quais competências são necessárias para isso?
Para discutir o assunto, convidamos a professora de História Silvane Silva, que junto a Fernanda Ogasawara e Marília Moreira, do Instituto NOW, apontou alguns caminhos a partir da sua experiência junto a comunidades quilombolas e indígenas. Dentre eles, a articulação em torno dos movimentos sociais, responsáveis por grande parte dos avanços que vimos se materializar na política institucional nas últimas décadas.

“Pensar em política nesse momento eleitoral requer lembrar a força e a importância desses movimentos e de como a auto-organização comunitária deve valer. Se isso fosse feito, não teríamos o problema que vemos hoje no período eleitoral, porque todas pessoas estariam envolvidas com a transformação social e com a melhoria da nossa sociedade”, defende Silvane.
Empatia, resiliência, ousadia, resolução de problemas complexos, liderança e colaboração foram algumas das competências mencionadas no episódio para a construção coletiva da política.
As referências que permearam a conversa foram tão ricas, que pedimos a Silvane para listá-las ao final do episódio e reunimos todas nesse post (quase todas com acesso fácil com links).
Confira:
[LIVRO] Narrativas Quilombolas: dialogar, conhecer, comunicar – Voltado para educadores, o livro é organizado por Silvane Silva e Renato Ubirajara e tem como objetivo oferecer possibilidades para a utilização de elementos do patrimônio material e imaterial quilombola em sala de aula, enquanto instrumentos de transmissão de cultura, história e tradições. Esse conhecimento, além de ser imprescindível no diálogo intercultural, pode contribuir para a melhoria da qualidade do sistema educacional, oferecendo novos recursos pedagógicos, pensados a partir de realidades particulares. O material também inclui caderno de atividades.
[TESE] O protagonismo das mulheres quilombolas na luta por direitos em comunidades do Estado de São Paulo (1988-2018) – A tese de Silvane Silva é fruto da sua atuação junto a comunidades quilombolas para o desenvolvimento do material mencionado acima. No texto de apresentação, ela relembra sua trajetória acadêmica e a importância de ter participado do Programa Abdias Nascimento, cujo objetivo era propiciar a formação e capacitação de estudantes pretos com elevada qualificação em instituições do Brasil e do exterior. A experiência de intercâmbio na Flórida (EUA) foi muito importante para a produção da pesquisadora.

[DOCUMENTÁRIO] Documentário Abdias: Raça e Luta – O documentário retrata a trajetória do professor, artista plástico, escritor e político Abdias Nascimento, um dos pioneiros do Movimento Negro no Brasil. Destaque para as histórias do exílio nos EUA, na Wesleyan University. Para Abdias, era preciso que o negro participasse da produção de conhecimento, não só como objeto de estudo. Nos EUA, ele teve acesso a centros de pesquisa sobre o negro e para o negro. O filme aborda ainda atuação do Movimento Negro e as criações da Secretaria da Igualdade Racial e Estatuto da Igualdade Racial.
[LIVRO] O Movimento Negro Educador: Saberes construídos nas lutas por emancipação, de Nilma Lino Gomes (Editora Vozes, em 2017) – O Movimento Negro não é importante somente para os negros, mas para toda a sociedade. Com seu caráter educador, ele gera conhecimento novo que não só alimenta as lutas e constitui novos atores políticos, como contribui para que a sociedade em geral se dote de outros conhecimentos que a enriqueçam no seu conjunto. Assim, dá mais força e legitimidade às nossas aspirações de uma sociedade mais justa.
[SÉRIE] EMPODERADAS RAÍZES QUILOMBOLAS – Com pesquisa de Silvane Silva, a série apresenta lideranças de quatro comunidades quilombolas que são e foram referência na luta pela terra e pela preservação das tradições. Com duração de seis minutos, o episódio de estreia mostra a jovem Heloisa Dias, do Quilombo São Pedro, na região do Vale do Ribeira. Desde criança, ela acompanha a luta e o engajamento da família pelos direitos dos povos quilombolas.
Você pode ouvir o episódio do podcast aqui.